"iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos" (Efésios 1:18)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desastre da fé: quando a religião é mais importante que Deus

A igreja cristã, nascida no Pentecostes (Atos 2), espalhada pelos lares de Jerusalém (Atos 2.46), enfrentava dois extremos, de um lado, grande parte do povo aceitava a mensagem do evangelho, e inclusive alguns sacerdotes já haviam se convertido (atos 6.7), mas, fortalecia-se do lado oposto, uma força tarefa em prol da aniquilação dos cristãos. Os líderes religiosos sentiam-se ameaçados em seu monopólio da fé, e decidiram perseguir duramente a “nova religião que surgia”. Digo “nova” para eles que mantiveram seus olhos e ouvidos fechados ao que Cristo viveu e falou diante deles. Porque tudo na religião dos judeus apontava profeticamente para a pessoa de Jesus (Lucas 24.27). Mas, o desejo de dominar as pessoas era tão grande que eles nem se quer perceberam Deus andando entre eles!


Certamente o foco deles era construir reinos na terra. Deste modo, qualquer outra opinião era encarada como ofensa, somente eles deveriam ser considerados verdadeiros, todos os diferentes deveriam ser perseguidos. Quando a fé perde a razão ela entra nos domínios da loucura, do fanatismo, e isso nada mais é do que uma idolatria das próprias idéias. O fanatismo nunca segue na direção da verdade, no máximo, ele se engessa na metade do caminho


1.Os fanáticos são religiosos sem Deus


Vivemos em um mundo onde grande parte acredita ser dono da razão. Inúmeras discussões acaloradas acontecem num puro desejo de sobrepujar as idéias dos outros. Nem sempre tais debates acontecem em busca de compreender a verdade, ou no desejo de buscar o bem comum. Facilmente, encontraremos dentre os dispostos a debater, pessoas indispostas a ouvir o que temos a dizer, criam grandes conflitos quando a crença delas não é “engolida goela abaixo”, ainda que seja irrazoável.


Essas pessoas acreditam que estão certas e pronto! Ninguém mais tem razão! Nada mais tem valor ou importância. Elas se fecham de tal maneira que não estão dispostas a se quer repensar a crença que sustentam. São fiéis a crença que receberam ou que escolheram, sem avalia-la ou compreende-la. Não estou dizendo que devemos negociar nossa fé, nossos valores, mas, não podemos ser tão arrogantes em pensar que só nós mesmos é que temos a razão. Não podemos defender a nossa fé humilhando, desprezando ou até maltratando as demais pessoas. E ainda, somente, porque pensam diferente de nós. Quando sua fé desvaloriza as outras pessoas, certamente haverá uma terrível complicação nisso.


Em relação ao cristianismo, o ódio as pessoas jamais se justifica (1João 4.20). Aquele que acredita no Deus da Bíblia precisa amar as pessoas (Lucas 10.27). Onde há ódio ou maldade contra o ser humano, Deus não estará envolvido.


Estevão enfrentou o ódio dos religiosos fanáticos de seu tempo. O escritor de Atos, declara que ninguém dentre a multidão que ouvia e discutia sobre fé com Estevão conseguia resistir a sabedoria com que ele falava (Atos 6.10), nem mesmo o grande intelectual de seu tempo, o jovem Saulo, futuro apostolo Paulo, podia vencer os argumentos de Estevão (Atos 7.58). Uma vez que o diácono Estevão não era vencido, logo o verdadeiro objetivo deles iria ser revelado. Eles não estavam ali porque desejavam aprender sobre Deus, como não podiam argumentar contra a crença de Estevão partiram para o lado do mal:


Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.” (Atos 6:11, ARC)


É muito interessante o jogo religioso do fanático. Na realidade ele não se importa nenhum pouco com Deus. Eles estavam no pátio do templo, local onde se deveria falar de amor, de compreensão, de revelar a verdade de Deus a todos os homens, tramando quebrar um dos dez mandamentos de Moisés, “não darás falso testemunho” (Êxodo 20.16), dizendo que Estevão desrespeitava Moisés...


Eles é quem desrespeitavam a Lei, a Moisés e ao Deus de Moisés. Eles estavam num lugar sagrado armando um plano profano. De fato, eles não se importavam com Deus e até se opunham a Ele:


Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes.” (Atos 7:51–53, ARC)


Não havia nada de Deus neles. A luta deles não tinha nada de nobre. Eles só queria se posicionar acima de tudo e de todos. Eram contra a fé de Estevão porque ela mostrava o quanto eles estavam longe de Deus. Estavam presos a tradição porque isso era confortável, ela era puramente externa, repleta de ritualismos, facilmente teatralizáveis. Deste modo, a tradição era mais importante que o mandamento de Deus.


E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.” (Mateus 15:6, ARC)


2.A religião sincera deve sempre buscar a Deus

Se ouve muito contra religião em nossos dias. Também tem-se falado sobre espiritualidade sem religião. Não é de se espantar que a Bíblia tenha previsto este fenômeno, afirmando que nos últimos dias haveriam muitos irreligiosos (1Timóteo 1.9 ARC). Tais pessoas são contra a religião institucionalizada e organizada. Esse é um pensamento comum ao pós-modernismo.


Porém, segundo a Bíblia, Deus escolhe um lugar (geográfico - 1Reis 8.16, 29) para que seja construído um templo (estrutura física - Salmos 27.4; 122.1) exclusivo para adoração ao seu Nome. Ele também determina liderança hierarquizada e selecionada (sacerdotes - Salmo 135.2; Efésios 4.11-12; Hebreus 13.17), atividades especificas que compõe a adoração coletiva (liturgia - Colossenses 3.16; 1Coríntios 11; 12; 14) e ordena a todos que se unam aos outros e congreguem juntos (filiação - Hebreus 10.25). Como é que chamaremos isso? Se não de religião?


A religião é definida pelos estudiosos como um sistema de crenças, rituais, organizado por lideres por ela constituídos, que executam seus princípios em lugares santos, em busca de contato com uma divindade.


De modo geral, a religião é uma tentativa humana de ligar-se ao Divino. Para nós cristãos isso jamais poderia se realizar, se Deus não permitisse que o encontrássemos. Ele mesmo nos estimula a procura-lo (Isaías 55.6). O grande problema do fanático é que ele se satisfaz com a religião e seus rituais. Ele não prossegue buscando estar mais próximo de Deus. Jesus denunciou o quanto os fanáticos religiosos de seu tempo estavam longe de Deus:


“Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15:8, ARC)


Se o propósito da religião é buscar a Deus, então todos nós devemos ser religiosos! Todos devemos buscar em Deus primeiro lugar (Mateus 6.33), antes de qualquer ritual ou cerimônia, cargo ou função. Então:


“ Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor....” (Oséias 6:3, ARA)


Sabendo que nunca compreenderemos Deus de forma absoluta, até mesmo porque, o Infinito Deus não caberá em nossa finita cabeça (Jó 11.7). Por mais que saibamos alguma coisa, precisamos sempre estarmos conscientes de que há muito que se aprender (Provérbios 18.15). Sem arrogância, sem prepotência, com muita humildade precisamos pedir a Deus que nos ensine todos os dias um pouco mais. Nosso coração deve estar aberto para aprendermos uns com os outros. Para sermos corrigidos, aconselhados, ensinados e aperfeiçoados.


  1. 3.Nunca deixe nada ocupar o lugar de Deus em sua vida


Não repita o erro daqueles fanáticos judeus que uniram-se contra o cristianismo, e logicamente, contra Deus. Eles haviam colocado a própria religião no lugar que só Deus poderia ocupar em suas vidas. Quebraram os mandamentos de Deus para protegerem a religião que seguiam. Deus não estava em primeiro lugar em suas vidas.


Não permita que sua religião seja mais importante que Deus. Todos sabemos que religiões encontramos aos montes, mas, há somente um Deus (Marcos 12.32)! Não estou dizendo que todas as religiões estão corretas, mas, digo que qualquer religioso que deixa Deus em segundo plano e passa a odiar pessoas, sempre estará absolutamente errado!


Ouça sempre a voz de Deus, através de sua Palavra e aceite o desafio de sair das velhas estruturas engessadas:


“sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais,” (1 Pedro 1:18, ARC)


Cristo morreu para nos resgatar das religiões e tradições vazias, que seguíamos como cegos sem nunca nos importar de verdade com Deus. Aceite o convite de Cristo:


“ Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28, ARA)


Este deveria ser o lema de toda religião: aproximar o homem de Deus! E não torná-lo inimigo de seu semelhante. Quantas religiões existem para causar guerras entre os homens! Quando adotamos essa postura inflexível de donos da verdade, fechamos nossos olhos para o que está a nossa frente. Estevão resplandecia como anjo (Atos 6.15), eles viram, mas ignoraram. Estevão falava com sabedoria dada pelo Espírito de Deus (Atos 6.10), eles ouviram, mas ignoraram. Estevão lhes anunciava a mensagem de amor Deus, mas, eles ignoravam!


Sempre houveram pessoas dispostas como Estevão, a ensinar a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Homens e mulheres que amam tanto aos outros que são capazes de dar a própria vida em busca de fazê-los entender algo sobre Deus. Só quem ama demais a Deus para saber o quanto Ele é importante. Só quem ama demais o ser humano pode entender que ele não pode viver sem Deus. Estevão era assim. Por isso ele orou pedindo a Deus que não punisse a platéia que rejeitou sua mensagem e atacou sua vida. Ele queria que eles tivessem mais tempo para aceitarem a verdade sobre Deus. Eles lhe desejaram a morte, eles lhes desejou vida!


E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.” (Atos 7:60, ARC)


Mais de 250 milhões de cristãos são perseguidos pelo mundo em nossos dias. Mas, nem mesmo diante da morte eles deixam de anunciar a Cristo. A mensagem de Jesus tem sido pregada nos quatro cantos da terra por aqueles que O amam!


Concluo esta mensagem te convidando a orarmos por todos aqueles que sofrem por causa do evangelho. São perseguidos porque não desistem jamais da fé que tem em Jesus. Deus seja louvado por estes homens e mulheres excelentes, dos quais este mundo não é digno! Que nós sejamos anunciadores do amor de Deus a humanidade.


Graça e paz.